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O jeito de falar claro e objetivo puxa a atenção nos primeiros minutos de conversa. Herança dos 12 anos de sala de aula. Formado há 24 anos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com mestrado na Universidade de São Paulo (USP) e professor da graduação e pós-graduação da PUC Minas, o dentista Carlos Betonni (47), acredita que a tecnologia veio para ficar. Tanto que ele destaca a evolução ocorrida na odontologia na última década como um verdadeiro salto no segmento. Conversamos sobre esses recursos, cirurgia e autoestima. Acompanhe o resultado desse bate-papo, muito interesse, que mostra como tem caminhado a área em tempos de modernidade.

Alysson Resende: Hoje, é possível pensarmos em cirurgia sem dor?
Carlos Betonni:
Tivemos uma melhora muito grande nesse aspecto, desde o século passado, quando houve o lançamento do anestésico. E, atualmente, evoluímos mais e já conquistamos uma melhora grande para a diminuição da dor. E de um tempo para cá, conseguimos realizar cirurgias sem que o paciente sinta nenhum tipo de dor.

AR: As pessoas ainda têm aqueles traumas com o dentista?
CB:
O dentista ainda tem aquele estigma de malvado. E os pais têm uma influência muito ruim nisso. “Se você não comer, vou te levar ao dentista”; “Se não tomar injeção, você vai ao dentista”. Então, muitas vezes, esse trauma vem de casa.

AR: E como esses traumas podem ser amenizados?
CB:
Conseguimos realizar um trabalhar com o paciente sem dor e, ao mesmo tempo, sem memória. O que isso significa? Utilização de medicamentos e suporte médico, com anestesista. Fazemos a sedação e, com isso, o paciente não tem nenhuma lembrança do procedimento. Para se ter uma ideia, o paciente não se lembra do que aconteceu durante o procedimento. Isso se chama amnesia retórica. Do momento da utilização do medicamento até a metabolização dele, o paciente fica com amnesia. Ele tem consciência, conversa e responde à estímulo, como o de abrir a boca. Ele se comunica, com certa dificuldade, mas não se lembra de nada. É um procedimento extremamente seguro quando há acompanhamento médico. Por exemplo, a extração dos dentes sisos é traumática, já que o profissional invade estruturas internas. E é realmente traumático, seja por dor e por efeitos psicológicos.

Nos Estados Unidos, é um procedimento muito comum. No Brasil, as pessoas ainda não o utilizam por falta de conhecimento ou de custos. Contudo, penso que os pacientes têm um grande ganho na qualidade do tratamento, já que passarão por um momento traumático e não se lembrarão de absolutamente nada. Alguns sempre perguntam se “existe um remedinho para dormir”. E existe.

AR: Todo mundo precisa retirar o siso?
CB:
O ideal é que essa remoção seja feita o mais breve possível, entre os 16 e 18 anos e, no máximo, até a segunda década de vida. Quando os pré-molares [dentes de mastigação] já estão formados. Existem alguns casos em que a remoção será mandatória. Quando o dente, por exemplo, estiver muito próximo de outro permanente, que já esteja na boca do paciente em inclusão [que não nasceu], é necessário que seja realizada remoção, já que corre o risco de infiltrações.

É importante informar que, em alguns casos, pode haver outras situações mais preocupantes, como cistos e tumores malignos e benignos envolta do siso. Por isso, o que se recomenda é uma avaliação com um dentista.

AR: Vamos falar sobre cirurgia digitalizada. Do que se trata?
CB:
Em verdade, podemos falar em alguns tipos. Temos a remoção do dente siso por tomografia e exames de imagem, em que o profissional consegue checar o posicionamento dos dentes. Isso facilita a explicação para os pacientes e uma melhor visualização. Sabemos que a cirurgia virtual é uma realidade e tem sido usada para evolução tanto do cirurgião quanto do paciente.

AR: E como você enxerga a chegada da tecnologia, principalmente nas salas de aula, já que você é professor da graduação e pós-graduação da PUC Minas?
CB:
Trabalho dando aula há mais de 12 anos. Esta geração que tem chegado é totalmente digital. Tem acesso a smartphones e programa de computadores. Isso facilita o aprendizado.

AR: Você seria capaz de prever como o mercado estará daqui a cinco anos?
CB:
Tenho 24 anos de formado e posso te garantir que a última década foi a da tecnologia completa. Quando eu comecei a fazer cirurgia, no início do século XXI (no ano de 2000), percebíamos que a tomografia estava muito longe da realidade.

Os exames de imagem eram muito caros e, muitas vezes, os planos não cobriam. E hoje há acesso a esses tipos de exame. Atualmente, o que percebemos é que a tecnologia estará cada dia mais próxima da gente, não só nas nossas casas, mas também nos consultórios e em todos os lugares. Hoje, temos alguns softwares que são trabalhados nos smartphones. Consigo simular situações para o paciente na palma da mão e mostrar imediatamente o resultado. Mas tudo isso é complementar, um auxiliar. Entretanto, o clínico continua mandatório. O profissional precisa do estudo e deve buscar bons cursos. Dessa forma, a tecnologia vem como de auxílio. Volto a falar, é fundamental a formação básica em livros e estudos. Tecnologia e estudo, na verdade, caminham juntos.

AR: E, para finalizar, fale um pouco sobre o papel da cirurgia odontológica em relação à autoestima do paciente?
CB:
As cirurgias realizadas pelo cirurgião dentista, muitas vezes, têm um apelo muito grande. Por exemplo, aqueles pacientes que têm o queixo muito para dentro ou muito para fora, além da alimentação, da fonética e da respiração, compromete a autoestima. As cirurgias odontológicas hoje visam à estética, e isso é de grande importância.

Vimos uma transformação completa na vida do paciente, que tinha autoestima muito baixa. Muitos não namoravam ou nunca tinham namorado, mas, a partir do momento em que passam pelo procedimento cirúrgico, tudo muda completamente. Já vi pessoas imediatamente começando a namorar e já fui convidado até para ser padrinho de casamento [risos]. Tenho casos de pacientes que são advogados e não iam trabalhar de frente ao cliente. Eles ficavam por trás, porque não gostavam de aparecer. Depois do procedimento, passaram a ser atuantes não só atrás do computador. Isso muda completamente a vida das pessoas.

A estética hoje é fundamental. Nesta vida de redes sociais e selfies, todo mundo posta foto; e isso se tornou uma identidade. A pessoa usa a imagem e, se ela não se sente bem, não conseguirá conviver nos tempos de hoje – seja no âmbito profissional, sentimental ou da família. O paciente ganha muito mais do que uma cirurgia, é uma vida.

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